O processo de criminalização da infância e da adolescência possui relação direta com a atuação ineficiente do Estado na garantia dos direitos fundamentais de crianças e adolescentes. Isso faz com que esses jovens sejam excluídos socialmente desde pequenos, pois dificilmente conseguirão desenvolver-se como membros sadios da sociedade brasileira.

Isso se dá ao fato dos estereótipos que são espalhados frequentemente nas mídias sociais e nas rodas de conversa. Nos grandes centros urbanos, principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro, jovens negros moradores de regiões periféricas são vistos por uma grande parcela da comunidade como criminosos ou pessoas de índole ruim apenas pela localidade onde reside e pela cor da pele.

Esse tipo de comportamento racista e injusto ainda resiste devido a suposições que são feitas e espalhadas por todos os lugares sem nenhum tipo de filtro ou pudor. O que não faltam são casos relatados por pessoas que foram vítimas de tais comportamentos, chegando ao absurdo de uma pessoa mudar de calçada quando se depara com um jovem pobre, negro e morador da favela.

Cada vez que uma criança ou um adolescente é discriminado por sua cor, classe social, região onde mora, dentre tantos outros fatores, isso certamente desencadeia alguma modificação na psique do indivíduo. Aquela cena ficará marcada para sempre na memória dessa pessoa e, em algum momento, de alguma forma isso irá influenciar em uma escolha que será feita, seja boa ou ruim, mas influenciará.

Historicamente, os pobres no Brasil sempre sofreram com o processo de “estereotipação”, mas alguns sofreram e sofrem, até hoje, de uma forma ainda mais agressiva, pois são marginalizados e rotulados como criminosos ou como bandidos em formação. Esse tipo de coisa em nada contribui para a evolução do país e também não ajuda na transformação social na vida de tantos jovens que precisam de apoio e auxílio.

Desse mesmo modo, fica evidente a omissão estatal na garantia de direitos humanos fundamentais e na garantia de uma existência minimamente digna. O art. 3º da Constituição Federal preceitua quais são os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, mas o que se pode acompanhar diariamente é um completo descaso e inobservância de tais objetivos, o Estado praticamente fecha os olhos e rasga flagrantemente a Lei Maior, como se não fosse nada, como se fosse apenas um pedaço de papel ou um arquivo digital que não vale nada.