Nos tempos remotos, sobretudo na civilização romana, era algo comum observar a vítima, ou seus familiares, executando sentenças e punindo o criminoso. Isso é o que ficou conhecido como vingança privada.

Com o passar dos anos os sistemas foram evoluindo e se modificando até que se chegasse ao modelo atual, onde o Estado investiga, acusa e julga os ilícitos penais cometidos. Claro que existem críticas quase infindáveis ao modelo como está posto, mas é inegável que o sistema atual é melhor do que o adotado anteriormente.

Um sistema jurídico organizado, dirigido pelo Estado, evita as cenas de barbáries, excessos e violência desmedida, gerando um ciclo quase infinito de ódio e violações de direitos básicos. O poder estatal apresenta uma série de falhas e, por vezes, injustiças, mas ainda assim é preferível ao anterior.

É mais adequado criar frentes de resistência e aperfeiçoamento do modelo atual, buscando mecanismos que permitam transformar e corrigir os erros existentes do que simplesmente lavar as mãos e deixar a população a própria sorte.

Aliás, é bom trazer à baila o seguinte pensamento: “o Cristo que está pregado nas paredes dos Tribunais não está lá para enaltecer determinada religião, mas sim para lembrar a todos os juízes que eles não podem lavar as mãos”.

Isso tudo demonstra a necessidade de um sistema organizado e estruturado em órgãos colegiados e individuais, permitindo que eventuais decisões equivocadas sejam corrigidas. Concentrar o poder nas mãos de alguns indivíduos e jogar o cidadão para executar as sentenças é, além de retrógrado, incompatível com todas as conquistas da sociedade, sobretudo no que tange aos direitos humanos e fundamentais.

Desse modo, prestigia-se a humanidade e a evolução da sociedade, que saiu de uma era de violência e selvageria, em um ambiente de todos contra todos, evoluindo para um modelo político-jurídico que envolve ordem, leis e respeito à dignidade da pessoa humana. Erros existem e precisam ser combatidos, mas isso não justifica em absolutamente nada a violência e a barbárie. Evoluir sim, retornar ao caos jamais.